terça-feira, 12 de agosto de 2008

CROSBY, STILLS, NASH & YOUNG - DEJA VÚ (1970)




O espírito comunitário no rock atingiu seu ápice no fim dos anos 60. Com a realização de grandes festivais, os músicos tiveram mais contato uns com os outros, o que resultou em diversas colaborações e projetos. Ninguém personificou melhor esse momento do que (David) Crosby, (Stephen) Stills e (Graham) Nash. O primeiro disco do trio foi a trilha sonora daqueles tempos em que “Woodstock” era a palavra-chave.Os três já possuíam uma história de sucesso. Crosby tinha feito parte do The Byrds, e Stills, do Buffalo Springfield. O inglês Nash estava no The Hollies quando eles se encontraram numa festa na casa de Cass Elliot (do The Mamas & The Papas).
Logo, os ra pazes perceberam que suas vozes e idéias casavam-se com perfeição. Musicalmente, eles se mostravam muito versáteis, fazendo hard rock, folk acústico e pop melódico. Stills ainda era contratado da Atlantic, o que facilitou a entrada do trio na gravadora. Totalmente antenado com o período em que foi gravado, o álbum de estréia de Crosby, Stills & Nash é uma cintilante fusão de poesia pessoal e temas políticos. Foi um sucesso instantâneo. A produção, esparsa e elegante, foi feita pelos próprios integrantes e abriu as portas para uma infinidade de discos acústicos que invadiram os anos 70. Todos os instrumentos ficaram a cargo do grupo, com exceção da bateria, tocada por Dallas Taylor.O maior sucesso do álbum foi “Suite: Judy Blue Eyes”, uma ode composta por Stills à sua namorada na época, a cantora folk Judy Collins. Com mais de sete minutos de duração e composta por vocalizações precisas como um relógio, a música ainda é o cartão de visitas do grupo. Stills domina o álbum, aparecendo com as baladas “You Don ‘t Have to Cry” e “Helplessly Hoping” e o rock “49 Bye-Byes”. As canções de Nash seguiram a linha do que ele já vinha fazendo no The Hollies. A mais popular foi “Marrakesh Express”, uma verdadeira viagem sonora pelo Oriente Médio. Em “Lady of the Island”, ele é acompanhado basicamente por um violão e “Pre-Road D owns” é um rock ligeiramente psicodélico com solo de guitarra que parece ter sido tocado de trás para frente.A parte política ficou com David Crosby. “Long Time Gone” é um lamento à morte do senador Robert Kennedy e comenta a caótica situação em que a América se encontrava no fim da década. A música foi imortalizada depois que serviu como abertura para o filme Woodstock. “Wooden Ships” (em parceria com Stills) é um relato de dois sobreviventes de uma guerra nuclear. Crosby também tinha um lado romântico, exemplificado na medieval “Guinnevere”.Pouco depois do lançamento do disco, o grupo passou a contar com Neil Young, ex-companheiro de Stills no Buffalo Springfield. Brigões e egocêntricos, os integrantes se separaram e voltaram a tocar juntos várias vezes, lançando discos aquém de seu talento em algumas ocasiões. Mesmo assim, Crosby, Stills & Nash continuam encarnando o som que fazia a cabeça da juventude na virada dos anos 60/70.


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